

Outro ponto que faço questão de expor, é que me identifiquei com tudo o que escreveu. No final do ano passado, passei por todos esses sentimentos que descreveu. Em várias intensidades. Confesso que chorei ao ler seu texto, primeiro porque me identifiquei profundamente com ele pelos ocorridos recentes em minha vida, e principalmente porque contextualizei três pontos cruciais: o fato da divindade do desenho, envolto com os sentimentos que afloravam em mim, e o fato de você ter captado tudo isso. E é esse o ponto: é triste nunca poder sentir essas emoções. A vida em sua efemeridade, é tão mais bela do que se fosse eterna. Tudo isso, acontece nesse breve espaço/tempo que chamamos de vida. O que é esse espaço, vazio digamos, na amplitude do universo, que em nossa contagem de tempo tem aproximadamente 15 bilhões de anos. Ela só tem um sentido repleta dessas sensações, desses momentos que passamos, dessas tristezas e alegrias. Creio que a alegria não seria tão bela se não existisse a tristeza, e vice versa. O bom é sentir ambas sempre no decorrer da vida, assim como todos os outros sentimentos e sensações. Quebrar tabus e conceitos é essencial para a sobrevivência da vida, é libertar-se, tornar sua alma livre. Só conhecemos algo quando nos permitimos isso, ou seja, quando ousamos. No princípio do século XX, um homem quebrou todos os conceitos clássicos da Física, impostos ao longo de mais de 300 anos. Seu nome é Albert Einstein. Ele explorou todo o universo sem mesmo sair da Terra. Todos os conceitos que temos hoje de “criação”, devemos a ele. Ele desvendou muitos pontos, e nos abriu muitas portas. E nunca deixando de acreditar em Deus. Ele sabia dos limites que podemos ir, sem penetrar nos mistérios de Deus, pois nessa fronteira, tudo perde o pé, e nada mais é cognoscível à nossa inteligência ou entendimento científico.
Amar sem restrições, como você escreve. Esse amar vai muito além do entendimento humano, caindo nessa fronteira que a Física calculou tão exatamente. O que compreendemos, controlamos. O que não apreendemos, nos é mistério, e assim aproveitamos mais as sensações que nos são oferecidas. “O que não subiu ao coração do homem, é o que tenho preparado para ele”. Podemos incluir em “ao coração”, também o contexto de “ao entendimento”, pois esses limites calculáveis nos separam de todo mistério de Deus. Se quiser entender mais desses meu pensamentos, pode ler mais em meus artigos de Física Quântica, pois neles os exponho de maneira filosófica e de fácil entendimento.
E como o Grande Vinícius de Moraes escreve, “que não seja imortal, posto que é chama / Mas que seja infinito enquanto dure.” Tudo é eterno enquanto se retém na infinidade de um momento. Esses ínfimos momento se tornam eternos. Como diz Drummond: “eterno é o recém-nascido nos braços da mãe, antes que lhe dêem um nome”. Tudo nos pode ser eterno, é só querermos. Você também expõe sentir “muitas emoções que chega ser difícil descrevê-las.” O ideal e conveniente é não descrever, apenas senti-las. Devemos de todas as maneiras lutar para nunca definir nada. Apenas sentir em nosso interior. Essa capacidade de “emocionalizar” as coisas é muito difícil, mas quando conquistada, verá que evoluirá muitíssimo tanto emocional quanto intelectualmente. Você sentiu as emoções, apenas tente defini-las como emoções, sem nomes ou definições estéticas e materiais. Isso é um dos mistérios que se escondem além dos limites calculáveis. Se, por exemplo, você conseguir sentir o silêncio entre os movimentos de uma sinfonia, ou o espaço parcialmente vazio numa obra de arte, verá que ele de fato fala tanto quanto o restante da obra. Tudo isso é importante.
E não quero que peça desculpas, você teve a atitude coerente. Ousou, foi além do que até eu mesmo esperava. Sempre soube que você é uma artista de gabarito, mas agora tenho também a certeza que se continuar com essa sua força emocional e intelectual, será mais uma estrela nesse Universo.