segunda-feira, 2 de março de 2009

Rachmaninoff - Concerto para Piano n.º 3

Sergei Vasilievich Rachmaninoff
Concerto para Piano n.º 3 em Re menor, Op. 30

Hoje estou inspirado. Todos os meus sentidos se afloram diante deste maravilhoso concerto para piano e orquestra que ouço inúmeras vezes sem me enjoar ou alterar minha postura diante de uma obra de tamanha magnitude. Rachmaninoff é o extremo Romântico, o tardio, o saudosista e extremamente intenso e melancólico. Não deixando a escola Romântica nem entrando na Moderna, Rachmaninoff faz uma ponte entre elas. Muitos elementos de sua música são Românticos, mas muitos são vanguardistas do Modernismo.

Inúmeros problemas pessoais na vida de Rachmaninoff, principalmente depressão, exílio e melancolia, tornam sua música intensa, fortíssima e extremamente tocante. Dotada de complexidade e técnica, são peças que certamente devem constar no patrimônio Universal por todo sempre.

Hoje, dado esse meu sentimento melancólico e de profunda admiração causados pelo Terceiro Concerto para Piano de Rachmaninoff, venho postá-lo e comentá-lo para vocês. E como não menos poderiam esperar de mim, posto também os arquivos dos movimentos em MP3 e a partitura do concerto inteiro, com um pequeno libreto, disponível para download pelo Rapidshare.

O Concerto para Piano e Orquestra n.º 3 em Re menor Op.30 de Rachmaninoff é famoso por suas exigências técnicas e musicais referentes ao intérprete. Este concerto tem a reputação de ser um dos mais difíceis concertos no repertório pianístico, sendo assim o favorito entre muitos pianistas virtuosos. Entretanto, o próprio Rachmaninoff citou sentir o Terceiro Concerto "f
luir mais facilmente nos dedos" do que o Segundo. As interpretações definitivas e que tomo como referência deste Terceiro Concerto foram executadas por Vladimir Horowitz, o qual o próprio compositor elogiou o domínio com o qual Horowitz executava a peça – "ele a engoliu inteira!", observou Rachmaninoff. E uma versão mais contemporânea executada por Vladimir Ashkenazy, a qual posto a gravação aqui, com a Orquestra Sinfônica de Londres sob a regência de Andre Previn.










Vladimir Ashkenazy e Andre Previn

Sem mais delongas, já posto o link abaixo, relembrando que o pacote vem com os três movimentos em formato MP3, a partitura em formato PDF e um libreto. Devo mencionar que como ainda utilizo o Rapidshare gratuitamente, o Pacote está disponível para 10 downloads. Se por ventura esses downloads se esgotarem, me enviem um comentário com e-mail de contato para o post que subo os arquivos novamente. A gravação é realizada por Vladimir Ashkenazy, com a Orquestra Sinfônica de Londres sob a regência de Andre Previn.

O Concerto











Download Aqui
Sergei Vasilievich Rachmaninoff
Concerto para Piano e Orquestra n.º3 em Re menor, Op.30
I - Allegro ma non troppo
II - Intermezzo: Adagio
III - Finale: Alla breve
Piano: Vladimir Ashkenazy
Regência: Andre Previn
London Symphony Orchestra


Seguindo a estrutura clássica de um concerto, a peça se apresenta em três movimentos.

O primeiro movimento, Allegro ma non troppo, desenvolvido na tonalidade de Re menor, inicia com uma melodia diatônica, que logo penetra em uma complexa figuração pianística. Esse movimento atinge numerosos ápices de intensidade e furor romântico, especialmente na cadência, que é minha passagem predileta deste concerto. Nessa passagem, o concerto introspecta-se apenas nas sonoridades do piano, delineando-se entre o pianíssimo e o fortíssimo extremos, onde o piano vibra, clama, chora. Um variação do tema é brilhantemente redefinida em moldes solo. O primeiro tema em sua forma pura reaparece apenas antes da coda. Rachmaninoff escreveu duas versões para a cadência desse concerto: uma primeira dramática e intensa, a original, comumente anotada como
ossia. E uma segunda mais leve, em estilo de toccata.

O segundo movimento, Intermezzo: Adagio, tem sua projeção na escalas de Fa sustenido menor e em Re bemol maior. Este movimento abre apenas com a orquestra e consiste de um número de variações sobre uma passional, extremamente romântica e simples melodia, sem seguir qualquer esquema rígido de construção. A melodia logo transita para a distante tonalidade de Re bemol maior, a qual nos introduz ao segundo tema. Após o desenvolvimento do primeiro tema e a recapitulação do segundo, a melodia principal do primeiro movimento reaparece, antes que o movimento seja encerrado pela orquestra de uma maneira similar à da introdução. Então o piano ganha a última palavra em uma curta passagem “cadenza-esque” a qual fará a transição para o último movimento, sem parada. Muitos pensamentos melódicos deste movimento aludem ao terceiro movimento do Concerto para Piano n.º 2 em Do menor, notoriamente ao gosto russo.

O terceiro movimento, Finale: Alla breve se desenvolve nas escalas de Re menor e Re maior. É rápido e vigoroso e contém muitos dos temas apresentados e utilizados no primeiro movimento, o que resulta assim na união da totalidade do concerto, ciclicamente. Entretanto, após o primeiro e segundo temas, o movimento diverge para a forma regular de sonata. Mas não há desenvolvimento convencional; este segmento é substituído por uma longa digressão que se utiliza da tonalidade maior na escala de Re do primeiro tema deste mesmo movimento, o que então o liga a dois temas do primeiro movimento. Após a digressão, a recapitulação retorna aos temas originais, construindo assim um ápice em forma de toccata bastante similares porém mais leves que a cadencia ossia do primeiro movimento. O último movimento é concluído com um triunfal e apaixonado segundo tema, em Re maior. A peça termina com as mesmas quatro notas rítmicas, aclamada por alguns como a assinatura musical de Rachmaninoff.

Na época, Rachmaninoff autorizou diversos cortes na partitura, para ser executada uma interpretação mais discreta. Estes cortes, particularmente no segundo movimento, eram comumente retirados das interpretações e gravações durante as décadas iniciais do século XX, considerando cada publicação. Mais recentemente, tornou-se usual interpretar o concerto sem os cortes. Uma interpretação típica do concerto completo demanda aproximadamente quarenta minutos.

História

Escrito no tranqüilo estado russo de Ivanovka, de onde era sua família, Rachmaninoff concluiu o concerto em 23 de setembro de 1909.






















O concerto é respeitado, em alguns casos temido por muitos pianistas. Józef Hofmann, o pianista a quem Rachmaninoff dedicou este concerto, nunca o executou publicamente, alegando que este “
não era para” ele. E Gary Graffman lamentou não ter aprendido este concerto como estudante, quando ele era “ainda tão jovem a ponto de não conhecer o medo”.

Devido ao limitado tempo, Rachmaninoff não pôde praticar o concerto enquanto esteve na Rússia. Assim, ele o praticou em um silencioso teclado que levou consigo no navio para os Estados Unidos.

O concerto teve sua primeira audição em 28 de novembro de 1909, pelas mãos do próprio Rachmaninoff, com a já extinta Sociedade Sinfônica de Nova York sob a regência de Walter Damrosch, no New Theater (mais tarde rebatizado de Century Theater). Este concerto recebeu uma segunda interpretação sob a responsabilidade de Gustav Mahler algumas semanas mais tarde, o qual Mahler definiu como uma “
experiência ao estimado Rachmaninoff”. O manuscrito teve sua primeira publicação em 1910 pela editora Gutheil.


Sergei Vasilievich Rachmaninoff

Em Russo,
Сергей Васильевич Рахманинов, nasce a primeiro de abril de 1873, e falece a 28 de março de 1943. Foi compositor, pianista e maestro russo, o último dos grandes expoentes do estilo Romântico na música européia. Sergei Vasilievich Rachmaninoff foi como o próprio compositor grafou seu nome quando viveu no ocidente, durante a segunda metade de sua vida.

Rachmaninoff é um dos pianistas mais influentes do século XX. Seus trejeitos técnicos e rítmicos são lendários, e suas mãos largas eram capazes de cobrir um intervalo de uma 13ª no teclado do piano (um palmo esticado de cerca de 30 centímetros), dado que o tamanho de sua mão correspondia à sua estatura, perto de 1,98m. Ele também possuía a habilidade de executar composições complexas à primeira audição. Muitas gravações foram feitas pela Victor Talking Machine Company, com o próprio Rachmaninoff executando composições próprias ou de repertórios populares.


Sua reputação como compositor, por outro lado, tem gerado controvérsia desde sua morte. A edição de 1954 do Dicionário Grove de Música e Músicos notoriamente desprezou sua música como "
monótona em textura... consistindo principalmente de melodias artificiais e feias" e previu seu sucesso como "não duradouro". A isto, Harold C. Schonberg em seu livro Vidas dos Grandes Compositores, respondeu, "é uma das colocações mais vergonhosamente esnobes e mesmo estúpidas a ser encontrada num trabalho que se propõe a ser uma referência objetiva". De fato, não apenas os trabalhos de Rachmaninoff tornaram-se parte do repertório padrão, mas sua popularidade tanto entre músicos quanto entre ouvintes vem, no mínimo, crescendo durante a segunda metade do Século XX, com algumas de suas sinfonias e trabalhos orquestrais, canções e músicas de coral sendo reconhecidas como obras-primas ao lado dos trabalhos para piano, mais populares.

A maioria de suas peças é carregada de melancolia, um estilo romântico tardio que remete ao estilo de Tchaikovsky.

Vida

Rachmaninoff nasceu em Semyonovo, perto de Novgorod, no noroeste da Rússia, em uma família nobre, descendente dos tártaros, que esteve a serviço dos czares russos desde o Século XVI. Seus pais foram pianistas amadores, e ele teve suas primeiras lições de piano com sua mãe. Por causa de problemas financeiros, a família se mudou para São Petersburgo, onde Rachmaninoff estudou no Conservatório da cidade antes de ir para Moscou. Deve-se observar que, no início, Rachmaninoff era considerado preguiçoso, faltando muito às aulas para ir patinar. Foi o rigoroso regime da casa de Zverev (que hospedou vários músicos jovens) que o disciplinou.






















Ainda jovem começou a mostrar grande habilidade em suas composições. Enquanto estudante, escreveu uma ópera em um ato, Aleko, o que lhe rendeu uma medalha de ouro em composição. Somando-se seu primeiro concerto para piano, um conjunto de peças para piano, incluindo o popular e famoso Prelúdio em Dó Sustenido Menor, sobre o qual o compositor ficou confuso com a fascinação do público, dado que tinha apenas 19 anos. Ele muitas vezes importunou pessoas da platéia perguntando "Oh, isto é mesmo necessário?” ou dizendo simplesmente não se lembrar dessa peça. Rachmaninoff confidenciou a Zverev seu desejo de compor mais, pedindo uma sala privativa onde ele poderia compor em tranqüilidade, mas Zverev via nele apenas um pianista e estreitou suas relações com o garoto. Após o sucesso de Aleko, entretanto, Zverev o aceitou novamente como compositor e pianista. Na verdade, suas primeiras peças sérias para piano foram compostas e executadas ainda como estudante, aos treze anos, durante sua residência com Zverev. Em 1892, aos dezenove anos, ele completou seu Concerto para Piano No. 1 Op. 1, de 1891, o qual revisou em 1917.

Rachmaninoff fez suas primeiras apresentações nos Estados Unidos como pianista em 1909, um evento para o qual ele compôs o Concerto para Piano No. 3 Op. 30, de 1909. Estas apresentações bem-sucedidas fizeram dele uma figura popular na América.

Nota: A melodia de abertura do Concerto para Piano No. 3 não é derivada de cânticos ortodoxos, um conceito errôneo que muitos músicos têm em mente. O próprio Rachmaninoff, quando perguntado, disse que ele mesmo a havia escrito.

Na medida em que Rachmaninoff constatava cada vez mais a certeza de não regressar mais à sua terra natal, foi sendo tomado por uma melancolia profunda. Muitas pessoas que chegaram a conhecê-lo somente nesta época o descreveram como o homem mais triste que eles já haviam visto. Numa entrevista em 1961, o maestro Ormandy declarou:

Rachmaninoff foi, na realidade, duas pessoas. Ele odiava sua própria música e estava geralmente infeliz ao executá-la ou conduzi-la para o público, então é este lado triste que o público conhece. Entretanto, entre seus amigos mais próximos, ele tinha um senso de humor muito bom e tinha um bom espírito.

Morte















Rachmaninoff morreu ouvindo música, em 28 de março de 1943, em Beverly Hills, na Califórnia, apenas alguns dias antes de seu aniversário de 70 anos, e foi enterrado em 1 de junho no cemitério de Kensico, em Valhalla. Nas horas finais de sua vida, ele insistia que podia ouvir música tocando em algum lugar por perto. Após ser repetidamente assegurado de que não era o caso, ele declarou: "
então a música está na minha cabeça".


Felipe de Moraes
01 de março de 2009

5 comentários:

  1. eu não entendo nada de piano ou orquestras, mas o concerto para piano nº 3 é simplesmente espetacular
    por qual motivo? não faço idéia
    mas sempre me emociona, esse concerto...

    ResponderExcluir
  2. eu não entendo nada de piano ou orquestras.. eu mal sei tocar um contrabaixo
    mas simplesmente acho este concerto espetacular!
    pq? não tenho idéia, mas me emociono toda vez q o escuto..

    ResponderExcluir
  3. Infelizmente nao consegui baixar este concerto, que para mim e' o mais maravilhoso concerto para piano.
    Tambem para mim tem um valor inestimavel, pois tambem era o favorito de minha mae, falecida em 2003.

    ResponderExcluir
  4. Prezada soniamar,
    Terei um prazer imenso em enviar esse concerto para você. Por gentileza, me encaminhe seu e-mail que no mesmo momento que eu receber, envio o link para download.
    Muitíssimo grato pela atenção, Felipe|M.

    ResponderExcluir
  5. Olá Felipe, gostaria de receber o link para baixar o concerto e a partitura, se possível. Me formei em piano e toquei o preludio em dó sustenido menor. Sempre gostei muito desse compositor e adorei seus comentários. Sempre que vou executar uma peça gosto de pesquisá-la e saber tudo sobre ela para me envolver mais.
    Um abraço, fico no aguardo.
    Meu e-mail é estefaniajorge@hotmail.com, o msn é o mesmo.

    ResponderExcluir