quarta-feira, 1 de abril de 2009

A Duração do que Chamamos de "Tempo"

Nebulosa Ampulheta

Simplesmente chamamos de “tempo” a unidade que utilizamos para medir o decorrer dos eventos. Einstein declarou certa vez: “O tempo existe para que todas as coisas não aconteçam de uma só vez.” Mas será que de fato existe mesmo? Por exemplo: as medidas de tempo e espaço que utilizamos, serviriam, por exemplo, em Júpiter, que é imensamente maior que a Terra, e seu curso em torno de si mesmo e do Sol são igualmente maiores? Ou imaginemos um pouco além: serviria em outra parte do universo, onde os eventos acontecem bem mais rapidamente ou bem mais lentamente, e a percepção de seres pensantes fosse desse “tempo” passando mais rápido ou mais lentamente?

Um dos pontos da física quântica é esse: a percepção da passagem do tempo é diferente em cada pessoa, em cada ser. Por exemplo, tomemos uma palestra que assistimos. Se o assunto é de nosso agrado, o tempo desaparece, passa rapidamente e não nos dá a chance de sequer notá-lo. Já quando o assunto não é de nosso interesse, ou não gostamos, o tempo parece esticar-se, dilatar... até mesmo tornar-se infinito. Por que isso acontece? Essas distorções em uma medida exata, não deveriam existir. Se existem, é porque não é uma medida exata, ou a nossa percepção sobre ela não tem nenhum efeito exato.

Mas para esmiuçarmos esse assunto, voltemos consideravelmente no tempo, e vejamos como os eventos se sucederam para abrir caminho para a divisão dos acontecimentos. A 10-32 segundo, há a primeira transição de fase de nosso universo. A força forte, que garante a coesão do núcleo atômico, destaca-se da força eletrofraca, que é resultante da fusão da força eletromagnética e da força de desintegração radioativa. Nessa época, o universo já cresceu em proporções fenomenais: mede então trezentos metros de um extremo ao outro. Seu interior é o reino das trevas e das temperaturas inconcebíveis.

Entre 10-11 e 10-5 segundo, intervém um acontecimento essencial: os quarks se associam, formando nêutrons e prótons, e a maioria das antipartículas desaparece para dar lugar às partículas do Universo atual.

Na décima milésima fração de segundo, num espaço que acaba de se ordenar, surgem as partículas elementares. O Universo continua a se dilatar e a resfriar. Aproximadamente duzentos segundos após o instante original, as partículas elementares reúnem-se para formar os isótopos dos núcleos de hidrogênio e de hélio.

Uma história com cerca de três minutos. A partir daí, as coisas caminham muito mais lentamente. Durante bilhões de anos, todo o Universo fica embebido em radiações e num plasma de gás turbulento. Por volta de cem bilhões de anos, as primeiras estrelas se formam em imensos turbilhões de gás. E no núcleo delas, os átomos de hidrogênio e hélio se fundem para dar origem aos elementos pesados que encontram caminho na Terra bem mais tarde.



Nos primórdios do Universo, o tempo parece esticar e dilatar-se até se tornar infinito. Isso nos conduz a uma essencial reflexão: Não seria o caso de ver nesse fenômeno uma interpretação científica da eternidade divina? Um Deus que não teve começo e que não conhecerá fim não está necessariamente fora do tempo, tal como tem sido descrito com demasiada freqüência: Ele é o próprio tempo, simultaneamente quantificável e infinito, um tempo em que um único segundo contém a eternidade inteira. Chega a ter uma dimensão simultaneamente absoluta e relativa do tempo: esta é uma condição indispensável à criação.

Efetivamente, os físicos não têm a menor idéia daquilo que poderia explicar o aparecimento do Universo. Podem retroceder a 10-43 segundo, mas não passam daí. Esbarram então no famoso “limite de Planck” . Além do “limite de Planck”, é o mistério total.

10-43 segundo. É o “tempo de Planck”, conforme a bela expressão dos físicos. É também o limite extremo dos nossos conhecimentos, o fim de nossa viagem às origens. Além dessa barreira esconde-se uma realidade inimaginável.

Segundo o físico John Wheeler: “Tudo o que conhecemos encontra sua origem num oceano infinito de energia que tem a aparência do nada.”

Segundo a teoria do campo quântico, o Universo físico observável é constituído de flutuações menores num imenso oceano de energia.


Felipe de Moraes
Concluído em 26 de março de 2009
Baseado nos pensamentos do livro
Deus e a Ciência,
Jean Guitton, Irmãos Bogdanov;
Editora Nova Fronteira

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